Como transformar o feedback das iniciativas do Ser+ em algo físico, simples e até divertido, usando tags NFC e um quadro mágico que lê opiniões sem dramas nem formulários.

Nesta aula de MADPE mergulhámos no mundo da investigação qualitativa, aquele universo em que o investigador não fica só sentado a observar à distância, mas entra no terreno, fala com as pessoas, vive um bocadinho da realidade… e, no meu caso específico, aparentemente vai andar a “colar” imanes NFC como se fossem cromos da bola.
O drama é simples:
Os dinamizadores das iniciativas precisam de feedback; Os estudantes não querem abrir formulários; E a verdade é que, no final da atividade, toda a gente só quer duas coisas: comer e ir embora.
Então pensei: e se o feedback… fosse físico?
Se em vez de “vai ao link e responde a 4 perguntas” fosse “toma aqui esta tag NFC, programa-a no telemóvel e cola-a no quadro como um iman bonito com sentimentos dentro”?
Basicamente:
É feedback, mas com personalidade.
É avaliação, mas com gravidade (literalmente).
É gamificação, mas sem pedir mais um login.
No final da aula, o professor atirou a bomba:
“Vamos lá a mais um post no blog. Quais são os três autores mais importantes para a tua investigação?” (Ok, se calhar não foi por estas palavras, mas deve ter sido parecido)
E lá fiquei eu a olhar para o vazio, a pensar:
“Quem é que eu chamo para justificar cientificamente que ando a pôr opiniões dentro de imanes?”
Depois de um mini–espasmo existencial, uns quantos cafés e autores pouco relevantes, descobri-os. Encontrei bastantes, mas destaco estes 3 que acho perfeitos para este tema.
Ishii é aquele autor que olha para uma mesa, uma pedra, um cubo, e diz:
“E se isto fosse uma interface digital?”
Este homem inventou a ideia de que objetos físicos podem transportar informação e que mexer neles é uma forma legítima (e poderosa!) de interagir com sistemas digitais.
Traduzindo:
As tags NFC são o exemplo perfeito do que ele defende, é um objeto que carrega feedback. É informação com corpo. E colocá-la no quadro não é só colar um iman, é usar a própria ação física como interação tecnológica.
Ishii, se me visse, diria:
“Sim, meu filho. É isto.”
Se a minha ideia funciona, é graças ao Norman.
Ele é o homem que, pelo que deduzo do que li, deve passar a vida a dizer que:
No meu sistema:
É Norman em modo festival académico.
Sem ele, isto tornava-se um daqueles puzzles irritantes em que se fica à procura do botão que afinal estava escondido atrás da porta.
O feedback é um ato social.
E o meu sistema depende totalmente da participação real das pessoas:
estudantes, dinamizadores, organização, todo o ecossistema Ser+.
Liz Sanders defende que:
É exatamente o que vou ter de fazer:
Criar categorias de feedback com dinamizadores, testar o quadro em iniciativas reais, observar como as pessoas interagem, adaptar, melhorar, voltar a testar…
Ou seja: investigação-ação, versão NFC.
Sanders provavelmente diria:
“Se as pessoas “colam” o feedback num quadro porque querem, então fizeste bem o trabalho.”
Depois desta aula, ficou claro que o meu projeto encaixa perfeitamente naquilo que foi discutido:
é contextual, é iterativo, envolve pessoas, e sim, mete o investigador, eu, no meio da ação.
E agora tenho o meu trio teórico:
Se isto vai funcionar?
Não sei.
Mas uma coisa é certa:
Pelo menos ninguém vai poder dizer
“não dei feedback porque não encontrei o link.”
Agora a desculpa vai ser:
“Ó professor, esqueci-me da tag no bolso.”
… e isso, meus amigos, é progresso científico.
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