Mixed Methods e NFC: ou como descobri que afinal o meu estudo tem 3 fases sem eu saber

Exploro os desenhos de investigação mista da aula desta semana e descubro que o modelo exploratório sequencial é exatamente aquilo que o meu projeto já estava a pedir, mesmo antes de eu perceber.

Mixed Methods e NFC: ou como descobri que afinal o meu estudo tem 3 fases sem eu saber

Mixed Methods e NFC: ou como descobri que afinal o meu estudo tem 3 fases sem eu saber

Mais uma semana, mais uma aula de MAPDE. Nesta aula entrámos no mundo das metodologias de investigação mistas, aquele universo em que Creswell & Creswell dizem coisas muito sensatas como “a integração de dados qualitativos e quantitativos gera insights adicionais” enquanto nós tentamos perceber se também dá para integrar a nossa vontade de ir relaxar com a necessidade de entregar o plano de investigação.

Mas vá, foco.

O exercício desta semana era identificar o desenho de investigação que achei mais interessante nos estudos que li e perceber se faz sentido adaptá-lo ao meu tema.

Depois de ver todos, desde o convergente ao explanatório sequencial, houve um que piscou o olho de forma especial. (Ou talvez tenha sido eu a alucinar depois de ver diagramas a mais.)


O favorito: o Desenho Exploratório Sequencial (3 fases)

Dados qualitativos → criação de artefacto → testes quantitativos.

De todos os modelos apresentados, este é o que bate mais certo com o que estou a construir com a minha ideia do feedback físico via tags NFC + quadro leitor. Porquê? Porque este desenho é basicamente o caminho natural do meu projeto:

Fase 1 — Qualitativo: perceber o caos

Antes de construir seja o que for, tenho de falar com dinamizadores, participantes e stakeholders(NEA) para perceber:

  • Que tipo de feedback faz sentido recolher?
  • Quais são as dores reais no processo atual?

Isto encaixa perfeitamente na primeira fase qualitativa do modelo, onde se recolhe informação para compreender o fenómeno.

E no meu caso… o fenómeno acredito ser literalmente “ninguém quer abrir formulários no final de um evento”.

Fase 2 — Artefacto: criar o sistema NFC-magnético

Depois vem a fase mais divertida:
construir o artefacto que representa a solução — as tags NFC programáveis, o quadro leitor, as interações físicas e toda a lógica app → tag → quadro → Ser+.

É exatamente o que o slide 20 descreve: “(…)na segunda fase é desenvolvido um artefacto para ser testado(…)”. E aqui não há como fugir: a minha solução é literalmente um artefacto.

Fase 3 — Quantitativo: testar se aquilo funciona de verdade

Depois vem a parte séria: testar.

E não é testar “o Nuno mexeu numa tag e funcionou”, é testar com:

  • número de feedbacks recolhidos
  • tempo médio por participante
  • aderência real
  • satisfação com o processo
  • comparação com métodos tradicionais

Ou seja, tudo aquilo que a terceira fase pede: “testes de natureza quantitativa”.


Porquê este desenho e não outro?

O convergente é fixe, mas recolher tudo ao mesmo tempo não funciona aqui, eu ainda nem tenho o protótipo.

O explanatório sequencial começa com dados quantitativos, e eu não tenho números suficientes no início.

O exploratório sequencial, por outro lado, parece que foi inventado para projetos com protótipos físicos.

Aliás, no slide 21 aparece a frase: “focus groups → protótipo → testes de usabilidade”, que é exatamente o meu plano, tirado da boca do Creswell (estando ainda indeciso se quero fazer realmente um focus group ou se um questionário é suficiente).

Se isto não é um sinal, não sei o que é.


Faz sentido adaptar este desenho ao meu estudo?

Sim. 200% sim.

O meu projeto tem ADN misto desde o primeiro minuto:

  • nasce de um problema humano
  • transforma-se numa solução física
  • valida-se com números reais

E o modelo exploratório sequencial permite-me:

  • ouvir as pessoas antes de construir
  • construir antes de medir
  • medir antes de concluir

Ou seja: protege-me de construir um quadro NFC lindíssimo que depois ninguém usa (um clássico dos projetos universitários).

Além disso, como diz o slide 9, o método ajusta-se ao objeto e vice-versa, e o meu objeto de estudo tem tantas camadas (tecnologia, interação, feedback, comportamento) que seria um erro gigante ficar só no qualitativo ou só no quantitativo.


Conclusão: o meu estudo afinal já era misto… só eu é que ainda não tinha percebido

Depois desta aula, percebi que a metodologia mista não era algo que eu “podia” usar, era algo que já estava a acontecer naturalmente no meu projeto:

  • falo com pessoas → qualitativo
  • construo um artefacto → fase de design
  • testo o artefacto no mundo real → quantitativo

É literalmente o que está nos slides, versão Ser+.
Se Creswell & Creswell vissem isto, davam-me um like académico.

Portanto, sim:
o desenho exploratório sequencial é, sem dúvida, o mais alinhado com a minha investigação, e é aquilo que vou adotar.

Agora vou ali pensar em quantos focus groups preciso… e quantos cafés isso vai custar.

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